terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Com a Palavra



Discurso de posse
2 anos de Membro
ALTO - Academia de Letras de Teófilo Otoni
Discurso proferido em dezembro de 2012.

Inicialmente quero agradecer a Deus, razão maior de todas as conquistas. Quero saudar e agradecer aos acadêmicos e confrades da ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni, na pessoa do Acadêmico e professor Wilson Colares da Costa e Professora Elisa Augusta de Andrade Farina, presidente desta tão importante instituição. Quero externar minha mais alta gratidão à escritora e também acadêmica e amiga Marlene Campos Vieira, de onde partiu minha indicação para ser agraciado com este título que muito me responsabiliza, e também à Acadêmica e amiga Neuza Ferreira Sena, que fortaleceu e consolidou esta indicação tornando-a realidade. Agradeço aqui a presença de Jussara Pinheiro Paiva, diretora da Escola Orlando Tavares e a Patrícia Jardim Costa, Secretária Municipal de Educação da cidade de Padre Paraíso, a qual passo a representar humilde e orgulhosamente na condição agora também de escritor e na qual trabalho como professor de Língua Portuguesa e Literatura. Agradeço, também, a todos os professores e alunos que aqui se encontram e que hoje se tornaram, mais do que colegas e companheiros de trabalho, mas verdadeiros amigos. Amigos como Aldeany Moreira Santos Dias e Carlos Mascarenhas, aqui presentes, mostrando que Padre Paraiso não é apenas o Portal do Vale do Jequitinhonha, mas um portal de grandes pessoas e talentos iluminados que engrandecem muito a nossa vida.  À minha querida esposa Geane Matos e minha filha Yasmin Bertoldo Silva Matos, pelo amor, pelo carinho, pela força, pelas renúncias e compreensão de meu trabalho e amor pelas letras.
Por fim, agradeço a todos os meus familiares, presentes e ausentes. Mas quero agradecer especialmente e dedicar esta conquista a duas pessoas de extrema importância em minha vida. Pessoas que foram responsáveis por eu estar aqui neste lugar de honra tão abençoado. Pessoas que se doaram, literalmente, e não mediram esforços para que eu me tornasse um ser humano digno e um homem de bem; que me ensinaram o valor do estudo, do esforço, da fé em Deus e na vida. Pessoas que, por mais que eu agradecesse, ainda ficaria em débito e que por isso, e muito mais, os tenho como heróis: meus pais – Aniel Rocha da Silva e Maria Elena Bertoldo da Silva. Pai, mãe, muito obrigado do fundo da minha alma.
Estar aqui hoje é como um sonho acordado. Esses são os melhores, pois não acabam, permanecem. Ser um acadêmico é ter o seu nome registrado para a eternidade. Olavo Bilac, quando perguntado por que os acadêmicos são chamados de imortais, em resposta ele disse “porque eles não têm onde cair mortos”, mostrando a irreverência de um grande poeta. De qualquer forma, esta condição traz a responsabilidade perene desta honraria. Talvez eu devesse proferir belos poemas ou frases memoráveis, referindo-me a alguns gigantes da literatura que me encantam tanto.  Mas creio ser mais sincero e autentico comigo mesmo e com todos se, ao invés de belas citações, abrir meu coração e deixar transbordar meus mais sublimes sentimentos de emoção.
Falar de literatura é falar de histórias. Histórias que se transformam em nossas. E eu sempre gostei de histórias. Os primeiros livros que li foram os clássicos “Cinderela” e “O Caso da Borboleta Atíria”, da antiga coleção Vaga-Lume. Hoje as coleções são mais modernas, melhoradas... Mas aqueles livros transformaram a minha vida. Lia-os de cima de um pé de ameixa da casa de minha avó, e lá passava a maior parte do meu tempo sempre na companhia de outros livros que, com o passar dos anos, foram ficando mais “robustos”. A partir de José Lins do Rego e seu “Menino de Engenho” fui descobrindo Graciliano Ramos, Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Dostoiévski, Fernando Pessoa, Henriqueta Lisboa, Fernando Sabino, Murilo Rubião... A lista é imensa. E ainda hoje continuo descobrindo escritores, muitos se tornando amigos, outros pelas páginas de seus livros. Porém, já naquela época, sabia o que queria ser. Não tinha uma formulação clara, mas sabia que queria fazer parte do mundo das histórias, dos poemas, dos romances e das crônicas, pois aquilo tudo me encantava, me tirava o chão, me fazia voar. Hoje sou formado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e sou um homem das palavras.
Neste momento em que passo a integrar esta instituição como um de seus membros correspondentes, explode em mim a vontade de transformar meus escritos, artigos, contos e publicações em algo mais substancial, pois afinal, encontro-me na presença de ilustres acadêmicos e personalidades, em sua grande maioria, com obras já consolidadas e devidamente reconhecidas como parta da história literária e cultural de Teófilo Otoni. De tudo uma certeza: venho para somar. Mas certamente ganho o presente da aprendizagem e benção de fazer parte deste seleto mundo dos escritores que tem, nesta casa, grandes representantes. Este é o sonho realizado e a oportunidade que me é dada, a qual devo honrar como um de seus filhos. É bem verdade que as oportunidades não acontecem por acaso ou de uma hora para outra. Tenho consciência que elas foram sendo construídas ao longo de muitos anos à base de muito esforço e trabalho. Essa condição, inclusive, nunca acaba; continua sendo necessário o empenho diário. E é bom que seja assim. É o lado positivo da insatisfação, do querer ir além, do não acomodar, do querer aprender por saber que, assim, podemos nos doar mais, com mais qualidade.
Muitas coisas ainda eu poderia dizer, muitas pessoas eu poderia citar, mas, como se trata de um espaço predominantemente literário, deixarei que as palavras falem por mim de agora em diante.
Escrever... Dizer o que está por dentro, juntando sentimentos em palavras alucinadas, loucas, desvairadas que, quando encontradas, se acalmam. Será?
Não sei... O que sei é que assim, minha vida, como a de um livro, vai se escrevendo – páginas ao vento, palavras ao ar.
Obrigado a todos de coração e está dito o necessário.
Muito obrigado.
Leandro Bertoldo Silva

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