quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A vida exige temperos




Li uma vez num livro que somos 100% responsáveis por tudo que nos acontece na vida, desde o melhor até o pior e que os pensamentos que temos são os que constroem o nosso futuro. “O que pensamos sobre nós torna-se verdade para nós”. Acredito fielmente nestas palavras, embora admita que nem sempre é fácil não se deixar abater quando sofremos críticas que não esperávamos principalmente se vierem de pessoas próximas e amadas. Aqui cabe saber duas coisas: primeiro devemos diferenciar o tipo de crítica, depois saber de onde ela vem.

Diferenciar o tipo de crítica é saber se são construtivas ou destrutivas. Se forem construtivas devemos ser humildes e admitir que podemos crescer com a situação. Sei que não é fácil, mas é possível e temos que tentar, afinal o bom convívio exige tentativas às vezes muito difíceis de serem tomadas, mas que se bem realizadas e aproveitadas aumentamos e muito o poder transformador de todas as coisas em nossa volta. Por outro lado, se as críticas forem destrutivas devemos ser inteligentes para separar o joio do trigo...  O assunto nos direciona de frente ao espelho, pois se trata do nosso posicionamento diante da vida em relação a nós mesmos, ou seja, nossos valores, nossas crenças, nossas verdades, nossos pensamentos, nossos sentimentos e nossas emoções, e sabemos todos por experiência própria que nem sempre é fácil se olhar no espelho, embora a vida seja na verdade muito simples: o que damos recebemos. As nossas experiências são moldadas através do que nós pensamos e acreditamos como sendo verdades para nós. Se escolhermos acreditar nas críticas destrutivas são elas que estarão sendo atraídas para a nossa vida. Simples assim. Se fosse um jogo de xadrez, estaríamos em cheque. A boa notícia é que a saída não requer maestria. A má é que não requer apenas para compreender o tipo da jogada, mas para realiza-la a exigência é imensa. Gosto do exemplo do restaurante que ao entrar, ao invés de comidas expostas encontramos sendo oferecidos diversos tipos de pensamentos, bons e ruins, saudáveis e estragados. Você chega a uma bandeja e lá está: “Sou um fracassado” ou “Sou um vencedor”. Você vai para outra e encontra: “Não sirvo para nada” ou “Sou uma pessoa útil para a sociedade”. Para sobremesa você terá que escolher entre “Ninguém me ama” ou “Sou uma pessoa querida e amada por todos”. Com qual ou quais deles você irá se alimentar? A escolha é sua.

Mas existe outro lado a respeito da crítica. Como havia dito faz-se necessário saber de onde ela parte. Uma coisa é recebê-las e escolher entre acreditar nelas ou não. A outra é realiza-las. Seja como for, uma coisa é certa: crítica dói, e devemos ser muito inteligentes para recebê-la, mas muito mais para proferi-la, principalmente que devemos ter em mente que a pessoa a quem criticamos tem o direito inalienável de ser diferente de nós. Discordar de uma pessoa, mas conseguir, de alguma forma, penetrar em seus valores, no que lhe confere importância de existência e absorver disto uma beleza que pode não ser a sua, mas é a do outro, é a forma mais bonita e autêntica do “amar ao próximo como a si mesmo”. Tudo bem, “mais vale o desconforto da verdade que a comodidade da mentira”. Conheço muitas pessoas que dizem isso. Muitas, inclusive, a respeito de si mesmas, o que é muito mais sério. Mas quem disse que a verdade não pode ser construída aos poucos, com paciência e sabedoria e, porque não, docilidade? E cabe outra pergunta: verdade na perspectiva de quem? Sua ou a do outro? Porque nem sempre o que é verdade para um é verdade para o outro, nem mesmo para você que pode mudar suas verdades quando quiser. Basta escolher.

Não quero resolver os problemas do mundo. Além de não ser possível, passo pelas mesmas angústias. Tudo que sei é que a vida exige temperos. No meio de toda essa fartura moral, alimenta-se bem quem procura conhecer a si mesmo. E se, além disso, procurarmos conhecer o outro, amando-o e respeitando-o, estaremos muito próximos de um ideal muito além do imaginável. A vida nos oferece o que ela tem. Sirva-se!

Bom apetite.


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