Triste ou alegre? Pelo canto se
distingue pássaros libertos. Aproximava-se o sol da meia noite e eu me
preparava para cantar. O dia só não havia sido monótono por desconhecerem os
meus passeios que contrastavam com o branco da parede em minha frente. Agora,
levíssimas ondas de música começavam a subir a maré daquela existência atada a
fitas crepes pelos pulsos e tornozelos prendendo-me à cadeira esquecida no canto
da sala. Já há muito havia tentado dizer às pessoas que eu estava ali, que eu
sentia o que elas sentiam – até mais – pois percebia a indiferença que o tempo
faz surgir àqueles que lidam com quem não fala e apenas espera... Estava
sentado em meio a almofadas e travesseiros para aliviarem as feridas que não
eram mais doloridas que o esquecimento. Meu corpo padecia e eu era prisioneiro
dele, mas não de mim. Enquanto ele definhava a raros olhares de pena, quando
existiam, eu corria campos floridos, dançava com os pássaros e visitava lugares
que eles nunca haveriam de conhecer, pois não tinham tempo... Eu vivia. E o que
para eles era grunhido, para mim era canto.
Excelente, meu amigo Leandro, EXCELENTE!!!
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