Francisco levantava
cedo todos os dias. Camponês, tirava o leite e servia, ele mesmo, todas as
pessoas da casa. Lavava-lhes os pés quando chegavam do trabalho e todas as
coisas dessa ordem, mas, nem por isso, se sentia bom. Aliás, nem ao menos era
querido, pelo contrário, Francisco era constantemente maltratado, o que deixava
surpreso um primo seu distante da cidade que um dia chegou em sua casa.
Filósofo, era versado nas letras e nas ciências e se achava sábio. Naquela visão
que teve à qual chegou o primo Francisco acerca de sua humildade suprema,
fez-lhe esta pergunta: “Meu caro, como pode servir-lhes com tamanha
benevolência se o ignoram tanto? Deve doer-lhe a ignorância, pois, se fosses
sábio como eu, certamente não teria essa vida”. Ao que Francisco respondeu: “Se
tivesse sido favorecido com a sua ciência estou certo de que teria ido embora
dessas terras, o que representaria o fim dessa boa gente, pois não sabem sequer
cuidar de si mesmos”. “Mas – replicou o primo sábio – como pode chamar de boa
gente esses outros que lhe maltratam?” Ao que Francisco respondeu novamente,
porém com outra pergunta: “E quem disse que se esses outros, como os chamam,
tivessem sido agraciados com a misericórdia, não fariam mais do que eu?” E foi
assim que o camponês, mediante aquelas respostas e com toda a força de sua
humildade, passou a ensinar o primo sábio que, aliando a sua ciência ao
espírito de servir, começou a se formar num verdadeiro homem de bem.
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