segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Entrelinhas - O verdadeiro homem de bem

Francisco levantava cedo todos os dias. Camponês, tirava o leite e servia, ele mesmo, todas as pessoas da casa. Lavava-lhes os pés quando chegavam do trabalho e todas as coisas dessa ordem, mas, nem por isso, se sentia bom. Aliás, nem ao menos era querido, pelo contrário, Francisco era constantemente maltratado, o que deixava surpreso um primo seu distante da cidade que um dia chegou em sua casa. Filósofo, era versado nas letras e nas ciências e se achava sábio. Naquela visão que teve à qual chegou o primo Francisco acerca de sua humildade suprema, fez-lhe esta pergunta: “Meu caro, como pode servir-lhes com tamanha benevolência se o ignoram tanto? Deve doer-lhe a ignorância, pois, se fosses sábio como eu, certamente não teria essa vida”. Ao que Francisco respondeu: “Se tivesse sido favorecido com a sua ciência estou certo de que teria ido embora dessas terras, o que representaria o fim dessa boa gente, pois não sabem sequer cuidar de si mesmos”. “Mas – replicou o primo sábio – como pode chamar de boa gente esses outros que lhe maltratam?” Ao que Francisco respondeu novamente, porém com outra pergunta: “E quem disse que se esses outros, como os chamam, tivessem sido agraciados com a misericórdia, não fariam mais do que eu?” E foi assim que o camponês, mediante aquelas respostas e com toda a força de sua humildade, passou a ensinar o primo sábio que, aliando a sua ciência ao espírito de servir, começou a se formar num verdadeiro homem de bem.

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