Um
dia um pescador saiu para pescar. Levantou mais cedo que os outros e foi para o
rio. Lá, desembainhou o facão e desvestiu a pele de seu corpo se jogando na
água. Assim que seu corpo sem pele tocou a água, ele se transformou em um peixe
lindo que encantou os outros peixes conduzindo-os às redes dos outros
pescadores que, a essa altura, já estavam armadas. No final do dia, e já em
forma de homem, voltou para casa levando um único peixe, diferente dos demais
que voltaram com as redes cheias. Com o tempo, seu filho foi achando aquilo
estranho, mas era só ouvir as algazarras dos meninos que logo esquecia e ia
brincar com as outras crianças.
Um dia o rapaz acordou mais cedo que
o pai. Esperou que este saísse e o seguiu presenciando o que ele fazia. Naquele
dia o pai não mais voltou para casa. Os pescadores também não levaram peixe
algum. Assim foram todos os outros dias que se seguiram até que o rapaz, que
havia mantido silêncio, fez o que precisava: levantou cedo e foi para o rio
procurar o pai. Ao chegar, o viu de costas na margem da água parecendo que o
esperava.
_ Você descobriu... Agora terá que
tomar o meu lugar.
_
E se eu não quiser pai?
_ Todos morrerão de fome. Nós dois
sabemos que não há escolha.
Desembainhou o facão e um grito de
pânico se fez ouvir. O rapaz sentou na cama se sentindo completamente ofegante
e suado...
_ Pesadelo, filho?
_ Sim, Eu...
_ Já não era sem tempo...
Levante-se! Hoje você vai pescar comigo.
Um medo terrível o assolou e ele fez
a mesma pergunta do sonho:
_ E se eu não quiser pai?
_Nós dois sabemos que não há
escolha... Eu vi como ontem você não quis brincar com as outras crianças...
O
tempo havia chegado... E foi assim que a passagem de sua infância se deu como
uma lâmina a desvestir o seu corpo e expor a sua alma. Era o que pensava lembrando-se
do pai enquanto ele, agora homem feito, olhava o filho que dormia parecendo que
sonhava...
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