sábado, 11 de janeiro de 2014

Entrelinhas - Despedida

Escrever nos espaços onde as palavras já não são necessárias...



Levantou cedo. Era seu último domingo naquela casa de roça em que viveu desde que nasceu. Planejara, com o irmão mais novo, fazer tudo como de costume para sua despedida. O irmão, com uma tristeza n’alma, nada dizia, só acompanhava. Subiram em árvore, comeram fruta do pé, deitaram na rede e escutaram os passarinhos, correram na chuva e caçaram borboletas quando o sol sorriu trazendo o arco-íris; andaram a cavalo, comeram bolo de fubá e guardaram as migalhinhas para pescar... A tarde já findava quando, na beira do lago, o irmão mais novo, quebrando o silêncio do dia, perguntou para o irmão mais velho o porquê ele estava indo embora. Ante a resposta de que era para ganhar muito dinheiro, ele ainda quis saber para que. Após jogar a última isca na água, veio a derradeira resposta: “Para um dia ter uma vida tranquila.” E não houve mais perguntas...


Nenhum comentário:

Postar um comentário